segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Homenage a Monteiro Lobato e sua Emilia!

No dia das crianças, lembrei de uma figura pouco difundida, talvez por ser brasileirinha, as pessoas esquecem como foi revolucionária a grande Emilia de Monteiro Lobato. Uma bonequinha sem os pudores adultos e com toques excepcionais de inteligência critica e adorável feminismo, pra ter uma noção vou postar algumas frases que roubei do Blog Literatura de conta Gotas (ótimo por sinal):

Inventando palavras:

“(…) – Crocotó é uma coisa que a gente não sabe o que é. Crocotó é tudo que sai para fora de qualquer coisa lisa. O seu nariz, por exemplo, é um crocotó da sua cara – mas como sabemos que nariz é nariz, não dizemos crocotó. Mas se nunca tivéssemos visto o seu nariz, nem soubéssemos o que é nariz, então poderíamos dizer que o seu nariz era um crocotó…“


Sobre si mesma:


“- “Mas afinal de contas, Emília, que é que você é?”Emília levantou para o ar aquele implicante narizinho de retrós e respondeu:

- Sou a Independência ou Morte.” (Memórias da Emília)


”- Sou de pano, sim, mas de pano falante, engraçado paninho louco, paninho aqui da pontinha. Não tenho medo de vocês todos reunidos. Aguento qualquer discussão. A mim ninguém embrulha nem governa. Sou do chifre furado – bonequinha de circo. Dona Quixotinha …” (Dom Quixote das Crianças)


“Eu nasci boneca de pano, muda e feia, e hoje sou até marquesa. Subi muito. Cheguei muito mais que vintém. Cheguei a tostão.” (Fábulas)


Filosofando sobre a verdade:


” (…) Verdade é uma espécie de mentira bem pregada, das que ninguém desconfia. Só isso.” (Memórias da Emília)


Sobre a loucura:


“(…) – A loucura é a coisa mais triste que há…
- Eu não acho – disse Emília – Acho-a até bem divertida. E, depois, ainda não consegui distinguir o que é loucura do que não é. Por mais que pense e repense, não consigo diferençar quem é louco de quem não é. Eu, por exemplo, sou ou não sou louca?
- Louca você não é Emília – respondeu Dona Benta. – Você é louquinha, o que faz muita diferença. Ser louca é um perigo para a sociedade; daí os hospícios onde se encerram os loucos. Mas ser louquinha até tem graça. Todas as crianças do Brasil gostam de você justamente por esse motivo – por ser louquinha.
- Pois eu não quero ser louquinha apenas – disse Emília. – Quero ser louca varrida, como D. Quixote – como os que dão cambalhotas assim…” (Dom Quixote das Crianças).


A ideia da leitura para ser devorada:


” – Pois eu tenho uma ideia muito boa, disse Emília: Fazer o livro comestível.(…) Em vez de impressos em papel de madeira, que só é comestível para o caruncho, eu farei os livros impressos em um papel fabricado de trigo e muito bem temperado. A tinta será estudada pelos químicos – uma tinta que não faça mal para o estômago. O leitor vai lendo o livro e comendo as folhas; lê uma, rasga-a e come. Quando chega ao fim da leitura, está almoçado ou jantado.” (A reforma da natureza)

Monteiro Lobato sabia o que estava fazendo quando deu vida a uma bonequinha de pano questionadora e independente.

2 comentários:

Ana Luiza disse...

Que maravilha seria um livro comestível! Mas e se quisesse ler novamente??
A personagem Emília marcou gerações... tanto a dos meus pais quanto a minha. Não há quem não a conheça.

Bel Gasparotto disse...

Sabe, não gosto muito do Monteiro Lobato não, mas vai aí uma curiosidade:

Sabia que no túmulo dele, no Consolação, tem pessoas colocando faixas com os dizeres 'Agradeço a Monteiro Lobato pela graça alcançada'??? Que raio de graça deve ser essa? Passar pra Letras na USP? Publicar um livro? Virar gente? (No caso de uma boneca de pano)

Vai entender...